Como é possível fazer um filme que super uma obra-prima? Pois bem, a resposta parece ser, fazer outra obra prima. David Fincher adapta ao cinema uma história no mínimo pouco convencional. Um homem que nasce “na velhice” e que morre “quando se torna um bébé”. A adaptação é da “short story” de F. Scott Fitzgerald que data de 1922.
“O Estranho Caso de Benjamin Button” sucede a “Zodiac” que tinha afirmado, como se ainda houvesse necessidade de tal, Fincher como um nome maior na indústria cinematográfica norte americana. O realizador de “Se7en” e de “Fight Club”, volta a encontra-se com Brad Pitt (enorme) para marcar novamente, a sétima arte com este “estranho caso”. Brad Pitt volta a provar a sua enorme qualidade como actor, fazendo um papel que dificilmente não ficará na história do cinema. A lindíssima e fabulosa Cate Blanchett, volta a contracenar com Brad Pitt e novamente volta a ser alvo do seu desejo amoroso e, novamente volta a deixar-nos maravilhados com o seu incrível talento, onde depois do seu sotaque russo na mais recente aventura de Indiana Jones, volta a criar um sotaque característico do sul dos Estados Unidos com uma facilidade e uma graciosidade que hipnotiza qualquer um de nós.
O filme, longo (160minutos), nunca perde a fluidez deixando que sejam os acontecimentos a prolongar toda a acção do filme, que atravessa quase um século e que pelo meio sobrevive a uma grande guerra mundial (espantosa a cena em alto mar), sem nunca acontecer nada que nos pareça forçado, o filme faz valer todos os seus minutos para que nós, espectadores, nos deixemos absorver por toda esta “estranha” vida de Benjamin. Fincher, arrisca, com os seus últimos filmes, a entrar num caminho que muito possivelmente não agrada ao público em geral, as quase três horas de filme. É um percurso que Fincher domina cada vez mais com a precisão de um relógio suíço. É espantosa a forma como o filme decorre sem nunca cair na monotonia de que um filme de quase três horas facilmente é alvo, mas aqui, até os momentos de maior acalmia são filmados com uma beleza arrebatadora. O cuidado que é colocado em cada plano roça o absurdo.
A nível técnico, o filme é também ele repleto de preciosidades, os magníficos planos do nascer do sol, a cena da dança ao luar, os planos nocturnos do veleiro, enfim, poderia continuar a enumerar uma quantidade absurda de planos magnificamente compostos e trabalhados, mas o que mais chama a atenção, e com razão, é a espantosa evolução física das personagens. É sem dúvida um trabalho sem precedentes e que em muito contribuiu para o adiamento da data de estreia do filme, mas já estreou e que Filme é “O Estranho Caso de Benjamin Button”. Uma obra-prima.
